A Páscoa deve ser dos short breaks mais ansiados do ano. Chega normalmente com a Primavera, com os primeiros aumentos de temperatura e propõe-nos sedutoramente o descanso merecido e retemperador até que cheguem as férias de Verão. Como época festiva e Portugueses que somos, dificilmente a vamos festejar fora da mesa e de Norte a Sul a diversidade de pratos principais e doçaria impera.
Época de festividade, de criação de memórias futuras enquanto olhamos carinhosamente para as do passado, oferece-nos o tempo que precisamos para degustar o que mais apreciamos. E para escolher o que apreciar entre Sexta-Feira Santa e o Domingo de Páscoa pedi ajuda a dois profissionais desta área que muito admiro: Nelson Guerreiro, o Sommelier da Enoteca de Belém, (espaço lisboeta dedicado ao vinho com que o Tanto na Língua já vos provocou, com fotos) e António Mesquita, Consultor de Vinhos, responsável por representar o nosso país internacionalmente enquanto Escanção nos anos 90 , bem como pela coordenação de vários eventos oficiais em território nacional.
Desta selecção fazem parte diferentes tipos de vinho para vos acompanhar nas várias fases e a bem dizer, nos vários dias. Deixamo-vos também algumas notas aromáticas e de paladar que poderão encontrar em cada um destes 6 vinhos. Quanto aos preços devem ser tidos como referência, variando de acordo com o local de compra.
Para começar com calma:
Espumante Baga / Chardonnay 2011, Quinta do Valdoeiro, Bairrada – 9€
Aroma mineral, fruta vermelha bastante evidente com leve toque de brioche, na boca uma mousse bastante elegante com bolha fina e refrescante , as cerejas, morangos e um leve cassis são as notas predominantes. Espumante onde vão encontrar uma boa acidez e grande frescura.
Para receber o primeiro prato:
Encruzado 2013, Fonte de Gonçalvinho, Dão – 7€
Um bom Encruzado, bastante fresco com notas citrinas bem definidas e levemente tropicais. É um vinho branco jovem, com corpo. Na boca podem sentir alguma mineralidade. É um vinho algo volumoso, sempre fresco e com um final persistente.
Para os destemidos :
Dona Fátima Jampal, Manz, Lisboa – 15€
Este branco da região de Lisboa, mais propriamente Cheleiros, é feito de uma uva quase extinta, a Jampal. Muito frutado no nariz,com notas florais e citrinas ,levemente tostado que vos vai cativar desde logo. Na boca, destaque para a acidez bem presente sem ser excessiva, um vinho com corpo, aromático e bastante fresco com algumas notas salinas dado a influência Atlântica.
Avançando para os Tintos:
Flor das Tecedeiras, 2013, Quinta das Tecedeiras, Douro – 9€
Vinho do Douro contemporâneo elaborado a partir das castas tradicionais da região (Touriga Nacional, Tinta Roriz e Tinta Barroca) com aromas a frutos do bosque. Na boca mostra-se generoso, com um sabor bem presente, notas subtis de mineralidade, com um final delicado e de intensidade media.
E nos Tintos continuamos, sem pressas:
Termeão, 2008, Campolargo, Bairrada -14€
Numa mistura das castas Touriga Nacional e Castelão Nacional, este é um Tinto Bairradino com muito charme, aroma de frutos vermelhos e com notas florais, elegante na boca com bom equilíbrio entre a acidez e taninos, final de boca também muito agradável e de média intensidade.
Para bocas adoçadas e com vontade de partilha:
Carcavelos Villa Oeiras, Vinho Generoso, Oeiras – 37,5 cl: 9,00€ / 75 cl: 17,50€
Feito a partir das Castas Arinto, Galego Dourado e Ratinho este vinho generoso é ao mesmo tempo complexo e delicado, dominado pela presença de frutos secos, mel e especiarias; boa acidez e harmonia com o álcool, notável persistência no final de boca.
Esperamos que, no regresso, as vossas línguas tenham muito para nos contar!
Notas de Prova