Ao partilhar com os amigos as minhas impressões sobre algumas provas de vinho, fiquei a saber que alguns nunca foram a nenhuma porque não sabem o que têm de fazer.  A resposta não podia ser mais simples, o que têm de fazer é provar. As provas de vinho não têm nada de  complicado e para que não percam nenhuma por este motivo, deixo-vos um guia do que podem encontrar numa prova de vinhos.

As provas de vinho podem ser de vários tipos, temáticas (subordinadas a um tema que pode ser uma casta, uma região, um ano), verticais (prova de várias edições do mesmo vinho em anos diferentes), cegas (provas em que não se sabe que vinho é que está no copo), de tipos de vinho (espumantes, fortificados), técnicas (feitas por enólogos e profissionais)  e provas de degustação de produtores. Acontecem em diferentes locais como as adegas, as feiras e encontros com o vinho, eventos, em wine bars e em garrafeiras.

As provas de vinho podem ser variadas nos temas e nos tipos de vinho

O contexto de prova em garrafeira e eventos é menos intimista do que uma prova directamente no produtor, mas têm a vantagem de acontecer regularmente e de vos dar a conhecer vinhos de Norte a Sul, e por vezes estrangeiros, sem que tenham que fazer grandes deslocações.

Algumas garrafeiras cobram entrada (os preços variam entre os 5 e os 10€) e exigem marcação prévia, outras são gratuitas e algumas fazem desconto nos produtos à prova nesse dia.

Regra geral são apresentados entre 5 e 6 vinhos, podendo variar, e duram cerca de 1h, 1h30.

As provas podem ser conduzidas pelo enólogo responsável ou por alguém ligado ao produtor que conheça as características do que está à prova. Normalmente é feito um pequeno enquadramento sobre o produtor, a região, ou regiões, as castas utilizadas e algumas particularidades de aromas, sabores, técnicas de vinificação utilizadas, no fundo algumas indicações que ajudam a perceber melhor o que está dentro das garrafas e pronto a passar para o vosso copo.

As provas iniciam-se com os vinhos menos complexos e avançam para os mais complexos em termos de aromas e sabores, dos brancos para os tintos e caso existam, os colheitas tardia e fortificados. Deste modo não correm o risco de começar por sabores demasiado intensos que se sobrepõem aos mais delicados, impedindo-vos de tirar partido dos mesmos.

As provas de vinho são experiências parasensoriais, isto é, activam vários dos nosso sentidos. O copo pega-se pelo pé, para que o vinho não aqueça com o calor das vossas mãos e para que possam dar início à sequência da prova no copo, avaliar o seu aspecto (limpo ou turvo), a sua cor (indicador do seu corpo e da sua idade, quanto mais velhos os brancos são mais escuros se vão tornando, com os tintos é ao contrário, quanto mais idade mais esbatida fica a sua tonalidade), apreciar a sua intensidade aromática e os aromas que sobressaem no nariz (vegetais, florais, frutados, amadeirados), e na boca, degustar os sabores, doçura, acidez, taninos, o corpo (sensação de preenchimento na boca) e o seu comprimento de boca (se é curto, médio ou longo). Como a descodificação dos aromas é um elemento essencial da prova evitem estar demasiado perfumados, pois a intensidade do vosso perfume vai sobrepor-se aos aromas do vinho.

E não há nada de errado, se numa fase inicial, não conseguirem percepcionar todas as características que se vão descrevendo. Não só faz parte do processo como a vossa apreciação é o mais importante, ou vos agrada ou não.

A cor do vinho dá uma percepção do seu corpo e idade

As provas vão sendo conduzidas, isto é, à medida que se prova cada vinho fala-se um pouco sobre as suas características e podem aproveitar para fazer as perguntas que acharem interessantes para descodificar o que estão a provar.

Se houver cuspideiras disponíveis e caso queiram ingerir a menor quantidade de álcool possível usem-nas. Depois de espalharem o vinho pela boca, em vez de o ingerirem, cuspam o vinho sem vergonha. As cuspideiras estão lá para isso mesmo e são uma boa opção caso tenham que conduzir depois da prova.

As cuspideiras garantem que ingerimos a menor quantidade de álcool possível

As provas de vinho são uma forma interessante e descomplicada de ficarem a conhecer as novidades de algumas marcas que vos são familiares mas, sobretudo uma excelente oportunidade de conhecerem novos produtores, regiões e sabores que permitem diversificar as vossas escolhas futuras. São, sem dúvida uma maneira diferente de descomprimirem ao final do dia.

No Facebook do Tanto na Língua, encontram uma actualização semanal das provas que acontecem nalgumas garrafeiras em Lisboa e no Porto.

Agora, que já sabem o que fazer e esperar, é só pôr as vossas línguas à prova!