Foi pela mão de Orkhan Abbasov que fiquei a conhecer os vinhos do Azerbaijão, uma agradável surpresa que me levou a querer conhecer melhor a ligação da região com o vinho e o que se encontrava por detrás de rótulos tão apelativos, mas que mal conseguia pronunciar…
Nada com uma boa conversa e um copo de vinho para ficar a saber que a produção vinícola na região remonta a 2000 a.C. Alguns achados arqueológicos, como potes enterrados com restos de vinho, encontrados no distrito de Goygol (anteriormente Khanlar), embarcações antigas para o armazenamento do vinho, pedras e restos de ácido tartárico utilizado para a viticultura, na região de Tovuz, no noroeste do Azerbaijão levam-nos numa viagem de séculos.
Fiquei a saber que os imigrantes alemães tiveram um papel crucial durante o séc. XIX e que com eles a produção de vinho e brandy assisiu a um desenvolvimento significativo. Introduziram novas técnicas de vinificação, novas castas, e um processo de industrialização que tornou o vinho do Azerbaijão competitivo com os vinhos europeus. Com o domínio da União Soviética a produção de vinho voltou a ter importantes mudanças que levaram a um aumento de produção, em 1969 a área de vinhas representava 57.100 hectares e cerca de 240 mil toneladas de uvas, em 1984 a área da vinha atingiu 210 mil hectares e 2 milhões de toneladas de uvas, o que fez do Azerbaijão o líder de produção de uvas na URSS. Caso para contrariar o ditado e dizer “muita parra e muita uva”!
Entre os anos 70 e 80 os vinhos foram premiados em vários festivais internacionais com medalhas de todas as categorias. A produção de um vinho fortificado ao estilo do vinho do porto era amplamente considerada na União Soviética e um símbolo de grandeza e de pertença a uma elite, uma vez que o preço de uma garrafa equivalia ao salário médio de um trabalhador.
A relação dos Azerbaijaneses com o vinho é diferente da nossa, o contacto com a bebida é reservado para alguns momentos de prazer e festivos. Orkhan acredita que entre os mais jovens há uma curiosidade crescente para aprender a apreciar e uma difusão maior entre os géneros. Há uma tendência para que o vinho seja mais apreciado por senhoras, uma vez que é um tipo de álcool mais ligeiro que o whiskey ou a vodka mas, em certos círculos isso está a mudar. O consumo de vinho é hoje associado a algum glamour e sofisticação.
A casta nobre do país é a Madrasa, uma casta tinta que se acredita ser cultivada desde o séc. XV. Foi com ela que Ohkhan me presenteou, escolhendo uma marca produtora que considera ser das melhores do país, Yarimada. Quando lhe perguntei onde poderia comprar mais para refazer o stock da minha garrafeira, deu-me duas alternativas: ou no Azerbaijão ou no Ritz Four Seasons em Paris!
Notas de Prova