Dentro da espécie Vitis vinifera existem cerca de 10.000 castas, mas quantidade não é sinónimo de qualidade e muitas destas castas não são capazes de produzir um bom vinho. Entre Portugal, Espanha, Itália e Grécia é possível encontrar uma diversidade de 1500 castas, mas será que vale a pena experimentá-las a todas?
Em Portugal as castas autorizadas pelo Instituto da Vinha e do Vinho são 282 e somos o país com maior variedade de castas autóctones. Este facto desperta alguma curiosidade de especialistas internacionais e confere ao vinho português algumas singularidades que não se encontram noutros países. Ao mesmo tempo, comunicar tanta diversidade também se revela confuso, sobretudo em mercados onde um número mais reduzido de castas assegura muita da atenção dos consumidores. Por isso tem sido feito um esforço de comunicação que se concentra sobretudo nas castas tintas Touriga Nacional, Tinta Roriz/Aragonês, Touriga Franca, Tinta Amarela/Trincadeira, Baga e Castelão e nas castas brancas o Alvarinho, Arinto, Encruzado e Fernão Pires.
Existem algumas castas, que pelas suas capacidades de produzirem bons e até excelentes vinhos, são reconhecidas e plantadas internacionalmente. São chamadas as castas nobres, que atraem a atenção de enólogos e enófilos de todo o mundo e muitas delas são plantadas também em Portugal, numa tentativa de chegar a mais consumidores. Se há produtores nacionais que se distinguem por promover as castas autóctones, algumas delas quase extintas, há também produtores que além das castas nacionais optam por produzir castas estrangeiras e muitas vezes com resultados positivos. Alguns exemplos de castas nobres são a Chardonnay, Sauvignon Blanc e o Riesling (brancas) e a Pinot Noir, Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah/ Shiraz (tintas).
Apesar de a maior parte dos vinhos que consumimos serem elaborados a partir de castas que pertencem à espécie Vitis vinifera , a espécie Americana Vitis labrusca tem especial importância na sobrevivência da Vitis vinifera. No séc. XIX as videiras europeias, as portuguesas incluídas, foram praticamente dizimadas por um insecto de nome filoxera que ataca as raízes das videiras. A excepção em Portugal foram as vinhas de Colares, resistentes à filoxera porque são plantadas em Chão de Areia tornando impossível a construção de túneis, forma de propagação da filoxera. Ainda hoje uma praga para a qual não existe cura, a única solução com resultados positivos surgiu em 1870/80, a enxertia de videiras de espécie americana, resistentes ao insecto, na espécie europeia. Esta prática mantém-se até aos dias de hoje.
Certamente que quando estão no vosso momento de degustação há vinhos que gostam mais do que outros. Agora que já sabem que as castas são as principais responsáveis pelo caracter dos vinhos que bebem, experimentem começar a virar os rótulos e a tirar notas dos sabores que vos agradam. Quem sabe começam a identificar as vossas castas preferidas.
Notas de Prova