Se planeiam uma visita a Paris considerem incluir um dia para visitar Reims, a cidade do Champagne. Foi o que fiz numa escapada em Fevereiro, para visitar a casa mais antiga de Champagne, a Ruinart. Chegar a Reims a partir de Paris é muito fácil e rápido, podem apanhar o TGV na Gare d’ l’ Est e em 45mn encontram-se no vosso destino. Os bilhetes podem ser adquiridos online e deste modo conseguem preços bastantes acessíveis, até em primeira classe.

A cidade do Champagne alberga várias casas produtoras, famosas, e há até quem faça várias casas no mesmo dia. No entanto, a minha escolha não foi uma visita de carácter comercial, nem de grandes grupos. Em Reims, a forma mais fácil para chegar à Maison Ruinart é de táxi.

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Para garantirem a visita à Ruinart é preciso que façam reserva online e escolher um dos horários de visita: 10h ou 14h. A visita tem uma duração aproximada de 2h que inclui a passagem pelas caves, com a explicação de como se faz a bebida bem como as particularidades da marca e um momento de degustação. O custo por pessoa é de 70€ e os grupos são reservados a um máximo de 10 pessoas, com opção de visita em inglês.

 

Recebidos numa sala bastante acolhedora pelo guia de origens portuguesas Mathew Serpe, a visita inicia-se com exercício físico, a descer algumas centenas de degraus até chegar ao local onde os diferentes estilos de Champagne se encontram na fase da segunda fermentação. É aqui que Mathew nos conta um pouco da história da Maison Ruinart, que deve o seu nome ao monge Dom Thierry Ruinart  e foi fundada pelo seu sobrinho Nicolas Ruinart em 1729. A Ruinart produz 6 estilos de champagne, 3 vintage (colheita de um único ano) e 3 não vintage (mistura de colheitas de 2 e 3 anos) e todos eles Brut (10g de açúcar por litro). O próximo vintage andará algures pelos anos de 2008/9.

 

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A duração da segunda fermentação em garrafa, processo que origina sabores e aromas, é de 3 anos para os não vintage, de 5 anos para os vintage e de 10 anos para o Dom Ruinart, o Champagne de topo da casa e galeria por onde passámos. Após o engarrafamento final e antes de saírem para o mercado os Champagne vintage estagiam 6 meses nas caves e os restantes 3 meses, para que se dê o processo de harmonização de sabores. Nos primeiros meses é comum que ocorreram algumas “explosões” de garrafas, devido à pressão do dióxido de carbono que se encontra preso em cada uma delas (6bar). A qualidade do Champagne Ruinart garantiu-lhe o interesse de consumidores famosos entre os quais Antoine de Saint-Exupéry e o Príncipe Louis Ferdinand da Prússia.

 

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Além de poder reclamar o facto de ser a casa mais antiga produtora de Champagne, a Ruinart foi também a responsável pela invenção do Champagne Rosé, um estilo actualmente muito em voga e que tem 251 anos. Ao contrário do processo de maceração, que na produção de vinho tranquilo permite obter o tom rosado, no Champagne o rosé é conseguido misturando directamente vinho branco e vinho tinto (18% a 20%).

Frédéric Panaiotis é o Chef de Caves da Ruinart e o responsável por garantir a qualidade do Champagne produzido, assim como a elegância e frescura que caracterizam a marca, o que se pode comprovar no momento de degustação. Os Champagnes disponíveis foram o ‘R’ de Ruinart, Blanc de Blancs (100% Chardonnay) e Rosé (Chardonnay e Pinot Noir), Dom Ruinart 2004 e Dom Ruinart Rosé 2002. Como se há coisa que eu não tenho é uma língua pequena, ao comentar que era autora do Tanto na Língua tive ainda a possibilidade de degustar uma edição exclusiva do mercado francês, o Ruinart Millésimé 2007.

 

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E como já perceberam que nesta casa nada é deixado ao acaso, também os copos de degustação são exclusivos, além do seu irrepreensível efeito visual, são da autoria de Philippe Jamesse, o Chef Sommelier do Château Les Crayères, o restaurante de 3 estrelas Michelin que se encontra bem próximo da Ruinart.

A visita terminou por volta das 12h30, e a reserva para o almoço estava feita no Le Jardin Des Crayères que fica no mesmo complexo do Château Les Crayères. Depois de um almoço sem pressas, sobrou tempo para ver a Catedral de Reims e uma volta rápida pela cidade antes de voltar no TGV para Paris.

Uma visita que me deixa imensas saudades e que recordarei com gosto sempre que me fizer acompanhar de uma garrafa de Ruinart. Ah e importante é também o conselho de Mathew, se puderem optar pela quantidade, escolham uma Magnum…