Todas as escapadas me servem para descobrir as pérolas vínicas dos lugares que visito e Berlim não foi excepção. Quando planeei a viagem poucas foram as sugestões que me deram para descobrir na cidade, o que me fez pesquisar e experimentar por minha conta e risco.

Viajar para o país que produz em grande quantidade e variedade a casta Riesling levou-me a estar atenta aos locais onde a poderia encontrar. Permitam-me o parênteses no que respeita à cerveja, que é rainha na Baviera mas também marca presença em Berlim, seja nos Beergarten (jardins de cerveja) os espaços ao ar livre onde se partilham mesas com desconhecidos entre canecas de 0,5l a 1l, pretzel e outros snacks, ou em diferentes esplanadas. As minhas cervejas preferidas, ambas de Munique, são a Paulaner Hell e a Hofbräu, que encontram na Cora-Berliner-Straße, junto ao memorial e museu do Holocausto e na Karl-Liebknecht-Straße, perto da Alexanderplatz respectivamente.

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Voltando ao vinho e na minha incessantes busca pela Riesling cheguei ao restaurante asiático Hot Spot cujo dono, Mr. Wu, adora a casta e o vinho alemão. Não me arrependi, nem pelo atendimento, nem pela qualidade da comida, nem pela extensa e bem organizada carta de vinhos,  distinguida como carta do ano em 2014 e que, como podem comprovar, só peca por não ter podido experimentá-la em várias fases. Foi lá que pela primeira vez degustei o Eiswein, com 20 anos!

 

 

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A curiosidade levou-me a querer conhecer o Cordobar, um wine bar no bairro de Mitte, que deve o nome ao famoso jogo de futebol entre a Alemanha Ocidental e a Áustria, em 1978, que ficou conhecido como o Milagre de Cordoba, em que pela primeira vez em 47 anos a Áustria derrotou a Alemanha.

A homenagem deu lugar um simpático espaço com um ambiente muito acolhedor onde bem se come e bem se bebe. Aos vinhos portugueses também é dado palco não na carta, que não existe na configuração tradicional, mas no livro de vinhos disponíveis e que já vai no quarto volume.

 

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Pela minha preferência pelo Riesling foi-me aconselhado um Kabinett especialmente vinificado para a casa pelo produtor Julian Haart da região de Mosel que acompanhou um divino tártaro de tomate. Um local a não perder, a partir da estação de metro Weinstraße (!), para quem quiser explorar várias alternativas a copo ou garrafa, com especial ênfase nos vinhos austríacos e alemães, bem como aos vinhos biodinâmicos e biológicos.

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Mantendo o carácter híbrido deste post deixo ainda a recomendação de um agradável local para beber café, The Barn. Também no bairro de Mitte, é possível degustar diferentes cafés feitos na cafeteira da moda: a Aeropress. Com as habituais variações latte, capuccino entre outras, este pequeno espaço tem várias sugestões para perfumar a vossa manhã, podendo optar por consumir no local ou levar. E para quem estiver com muitas saudades de casa há também pastéis de nata! A resposta à pergunta “porque têm pastéis de nata?” não podia ter sido mais conclusiva: “because they are awesome!”. Não sabiam mas ficaram a saber que com canela a experiência salta para outro patamar.

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De regresso a casa se quiserem trazer souvenirs bebíveis convosco sugiro as galerias Kaufhof na Alexanderplatz que tem uma garrafeira dedicada a vinhos de vários países, portugueses incluídos e uma champanheria. Caso tenham apenas bagagem de mão, o terminal da easyjet tem alguma variedade de vinhos e podem trazer 10lt por pessoa.

Na hora de comprar há algumas curiosidades a que podem estar atentos, além da classificações que aqui detalhei no post sobre a Riesling, não estranhem se virem uma águia nalgumas rolhas. É o símbolo da Verband Deutscher Qualitäts- und Prädikatsweingüter, VDP, a associação de 200 produtores que assume um compromisso de vinificação de vinhos de elevada qualidade, desde 1910. Um outro dado  tem a ver com a cor das garrafas que quando são originárias da região de Mosel são verdes, para se distinguirem das restantes regiões.

 

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Haverá certamente uma boa escolha de garrafeiras em Berlim que não tive oportunidade de explorar, mas deixo-vos as sugestões da revista de vinhos alemã Weinwelt:

Como a Alemanha não é só Riesling ficam a conhecê-la nas palavras de Jancis Robinson e em 3mn.

Prost!