As pesquisas sobre os benefícios do consumo vinho para a saúde ganharam um interesse especial quando em 1991, Serge Renaud investigador francês, apontou no programa 60 Minutos a hipótese de que o seu consumo, especialmente do tinto à refeição, poderia explicar uma menor incidência de problemas cardiovasculares e ataques cardíacos nos franceses, apesar da quantidade de gordura presente nas dietas (queijos, molhos, manteiga, carne de porco) e de fumarem, quando comparada com os americanos.

O “paradoxo francês” tem sido amplamente discutido e posto em causa mas, os benefícios do resveratrol continuam a gerar interesse na comunidade científica e mediática, e as vendas de vinho aumentaram nos EUA depois da emissão do programa.

Na minha conversa com a nutricionista Lillian Barros, foi introduzida também a questão do contexto, ou seja, o facto de as refeições serem prolongadas, em modo de convívio, com muita descontracção e não se focarem apenas na satisfação de uma necessidade fisiológica, certamente que contribuem para esta equação.

Isto leva-nos à forma como também nós, portugueses, fazemos o seu consumo, à boa maneira da dieta mediterrânica e como bem integrar este “elixir de juventude” nas nossas refeições. Deixo-vos por isso alguns aspectos a ter em consideração para dias festivos e de convívio alargado, para que possamos retirar o máximo partido dos benefícios do consumo de vinho:

  • O vinho é um elemento da refeição, deve ser degustado como mais um elemento no prato e não uma forma de hidratar, se tem sede beba água;
  • O álcool desidrata, por isso há que ter o cuidado de ingerir pelo menos a mesma quantidade água que de vinho, além do habitual consumo de 1.5l diários;
  • Não fazer jejuns prolongados, comer de 3 em 3 horas, sobretudo quando se consome vinho, caso contrário o corpo vai assumir o álcool como fonte de energia;
  • Ter em conta a alimentação ao longo do dia e da semana, introduzindo variedade de vegetais, fruta e fibra;
  • Equilibrar o consumo de ingestão de vinho com as gorduras (ao contrário do paradoxo francês), não esquecendo que, como refere a Lillian,  maior que o peso na balança é o peso na consicência.

A terminar fica a célebre entrevista de Serge Renaud, esperando que as vossas línguas continuem a degustar do vinho à refeição, na plenitude.